Comportamento de autolesão não suicida na adolescência

Autores

  • Amanda Gabriel Viana Bezerra
  • Maria Beatriz Batista Urquiza
  • Maria Monalisa Lima Sobreira
  • Maria Vitória Diógenes Santos
  • Maria Eniana Araújo Gomes Pacheco

Resumo

Introdução: A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM 5 apresenta a autolesão como o ato de provocar lesão ao próprio corpo sem intenção suicida, através de cortes, queimaduras, machucados ou escoriações, sendo considerado agravo em saúde mental quando o indivíduo repete esse comportamento por cinco dias ou mais. O conceito de adolescência é amplo e multidisciplinar. A constituição do sujeito nessa fase compreende mudanças na esfera social, física e psicológica. Em consequência das diversas transformações psicossociais que os adolescentes enfrentam nesse período, podem surgir fatores de risco associados às dificuldades interpessoais, familiares e sociais, assim como as dificuldades na regulação das emoções. O presente trabalho tem como foco apresentar a autolesão não suicida (ALNS) na adolescência e explorar os fatores de riscos associados, bem como a compressão psicológica da manutenção dessa conduta. Ciente da profundidade da discussão acerca do fenômeno da autolesão, com seus múltiplos indicadores e abordagens para a identificação de populações de risco, é importante destacar que este estudo não busca esgotar o tema. Em vez disso, em consonância com vários outros acadêmicos, reafirma a importância de futuras pesquisas a fim de aprofundar a compreensão das complexidades desse comportamento. Objetivos Gerais: Identificar a autolesão suicida na adolescência. Objetivos Específicos: Caracterizar a autolesão na adolescência; descrever os fatores de risco na adolescência e apresentar as compreensões psicológicas do comportamento autoinfligido. Metodologia: O presente trabalho buscou apresentar a temática principal do fenômeno da autolesão na adolescência, sendo essencialmente uma pesquisa bibliográfica sobre o tema. Foram utilizadas a plataforma de revistas científicas Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e o portal de busca livre Google Acadêmico para as referências disponíveis na literatura acadêmica. Resultados e discussão: Na literatura, a fim de diferenciar a autolesão não suicida do comportamento suicida, considera-se que além da ausência de intenção de morrer nos indivíduos, observa-se a baixa letalidade dos ferimentos autoprovocados, bem como os aspectos compulsivos e repetitivos das lesões autoprovocadas. Os estudos mostram que o modo de autolesão não suicida mais recorrente corresponde ao corte realizado na superfície da pele, sendo os locais mais comuns braços, pernas e pulsos. Os comportamentos autolesivos podem ocorrer em diferentes faixas etárias, entretanto, os estudos comprovam que a incidência dos casos é maior na adolescência. Acerca dos fatores de risco envolvidos na adolescência, as situações traumáticas e a presença de transtornos psicológicos são aspectos significativos para o surgimento da referida conduta. Além disso, a literatura pontua a relevância de traumas eangústias vivenciadas na infância como elementos constitutivos no desenvolvimento da regulação emocional. Referente ao âmbito sócio-familiar, os autores apresentam como fatores de risco as questões relacionadas ao abandono e violência. Nesse sentido, considera-se ainda a dependência química nesse contexto, ocorrências de bullying e dificuldades nas relações de socialização. A violência autodirigida experimentada por adolescentes é uma medida desesperada para aliviar o sofrimento psíquico. Quando os sujeitos se veem incapazes de administrar as experiências emocionais ruins, buscam maneiras de interromper esses sentimentos. Os autores indicam que a autolesão é uma forma de regular afetos e emoções, pois ela estimula a produção de opióides endógenos, particularmente endorfinas e encefalinas. Na literatura, a autolesão é comumente associada à atenuação de tensões e ao controle das emoções. Conforme apontado nos estudos, o alívio imediato experimentado como resultado da autolesão acaba por reforçar essa conduta. Fatores intrapessoais e sociais desafiadores, juntamente com a dificuldade na regulação emocional, tendem a impulsionar a prática da autolesão. As sensações de alívio e outros sentimentos mitigantes experimentados no momento do ato tornam a autolesão uma estratégia recorrente para lidar com situações similares. Considerações finais: Diante do que foi exposto na presente pesquisa, os estudos relacionados à autolesão não suicida desempenham um papel fundamental na busca por uma compreensão mais aprofundada do tema. Os fatores da autolesão são multidimensionais, ou seja, são múltiplos dependendo do contexto de vida de cada sujeito, assim como de sua dinâmica familiar e social. Além disso, o período específico do ciclo de vida de uma pessoa também é um fator relevante na compreensão dos comportamentos autolesivos. Notavelmente, a adolescência destaca-se como um período de maior frequência da autolesão não suicida. A adolescência, caracterizada por mudanças significativas, desafios e fragilidades, requer habilidades específicas para abordar essas questões, tornando-se, assim, uma fase da vida que merece uma atenção especial e compreensiva ao discutir o tema da autolesão.

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Publicado

2024-06-28