Psicanálise e Educação: uma visão sobre a violência nas escolas no contexto atual

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Resumo

Introdução: Conforme o viés Freudiano, educar é transferir um legado de pai para filho. Levando em consideração o tempo que o sujeito passa com seus pais por meio do dia-a-dia e partindo da suposição de que a relação pedagógica está implícita nas relações humanas, a educação se desenvolve principalmente pelo laço que se estabelece entre pais, filhos, alunos, professor e toda a comunidade escolar, do que pelo conhecimento adquirido e expresso ao outro. É a partir disto que perpassa o desenvolvimento humano, por meio do contexto vivido pelo indivíduo. Considerando algumas situações da atualidade, apresentadas por alunos em ambientes escolares, espaço formador de opinião e de indivíduos, o que mais repercute nesse ambiente são os comportamentos violentos. Destaca-se a violência como um fenômeno complexo que envolve múltiplos fatores nas suas causas e consequências, sejam elas sociais ou individuais. Em detrimento disso, não busca-se esgotar o assunto, mas compreender como esse fenômeno se desenvolve no ambiente escolar e seus impactos. A violência está presente em diversos contextos e instituições, seja a nível macrossocial – desigualdade social, falta de acesso a recursos essenciais – ou microssocial – família, escola, relações cotidianas. A violação de direitos, negligência, privação afetiva, diversos tipos de violências sociais e familiares presenciados pelas crianças e adolescentes promovem a reprodução desses comportamentos dentro das escolas. É importante destacar o papel das violências cotidianas: desrespeito, preconceitos, bullying, cyberbullying, furtos, depredação do patrimônio, violências psicológicas. Esses são fenômenos por vezes normalizados, mas que desempenham um importante papel na construção de um ambiente caótico e inseguro, capaz de gerar maiores consequências, como a violência física contra alunos e professores tão difundidas nas mídias atualmente, problemas psicológicos, deficiência do processo ensino-aprendizagem e evasão escolar. Objetivo: O intuito desse trabalho é explanar a partir do referencial psicanalítico os processos psíquicos que permeiam o comportamento agressivo dos alunos dentro do ambiente escolar na atualidade. Métodologia: A pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica de abordagem qualitativa, buscaram-se artigos pautados nas temáticas a serem desenvolvidas, visando como a teoria psicanalítica intervém nesse processo psíquico do sujeito. Para a construção desse trabalho foram utilizados artigos científicos e periódicos encontrados no Google acadêmico; Scielo; Caderno do Discente do Ensino Superior de Educação, Aparecida de Goiânia; e Repositório Institucional UFMG. Resultados e discussões: Uma análise sobre a situação de violência nas escolas permite compreender que as relações de afeto envolvem, primeiramente, os pais e, posteriormente, os professores que desempenham um papel crucial para o futuro dos alunos, tanto em sua relação com a lei quanto na definição dos limites necessários para a convivência social (Elisa, 2011). O comportamento agressivo, manifestado de forma externa, é caracterizado como qualquer comportamento verbal e/ou físico direcionado a outros indivíduos com o objetivo de prejudicá-los, machucá-los ou causar danos. Trata-se da forma mais direta de expressar a agressividade. Além disso, ela está associada ao sentimento de exclusão do grupo, ao isolamento e às atitudes depressivas, e relacionadas a níveis reduzidos de intimidade, convívio e amizade. Freud (1939) enfatiza que o instinto agressivo pode coexistir com o desejo de paz e, também, pode ser expresso por meio da violência. No entanto, a agressividade tem um alvo e é direcionada a alguém ou algo. Pode ser interpretada como um ato agressivo do "Eu" buscando estabelecer seu território em relação ao outro, bem como uma forma de resistir quando o outro representa uma ameaça. Dessa forma, deve ser compreendida como uma mensagem dirigida ao outro (Heloísa, 2019). Esse comportamento também pode ser classificado como uma reação a provocações, ataques ou impedimentos. Além disso, manifesta-se como uma resposta de raiva, com sintomas externos, baixo autocontrole e uma tendência a resolver problemas de maneira geralmente hostil (Elisa, 2011). Portanto, compreender as motivações e causas do comportamento agressivo é de extrema importância, independentemente das formas como esse comportamento se manifesta. A partir dessa compreensão, será possível desenvolver tratamentos e intervenções mais efetivas. Considerações Finais/Conclusões: O presente texto aborda a relação entre educação e violência nas escolas, destacando a importância da influência familiar e a reprodução de comportamentos violentos. Aponta que a violência está presente em diferentes contextos sociais e institucionais, incluindo a escola, destacando como passos iniciais da violência o desrespeito, preconceito e bullying, que contribuem para um ambiente caótico e inseguro. Vale ressaltar que esse trabalho é analisado a partir de uma perspectiva psicanalítica, evidenciando a importância das relações de afeto com os pais e professores, uma vez que, os processos psíquicos levam também ao comportamento agressivo dos alunos na escola, além de explorar a agressividade como uma forma de expressão e de estabelecimento de território. Compreender as motivações e causas do comportamento agressivo é fundamental para desenvolver tratamentos e intervenções efetivas.

Publicado

2024-04-28