Uso de modelo animal para práticas de Ausculta Cardíaca como método substitutivo – relato de experiência

Autores

  • Gabrielly Pacífico Cruz Centro Universitário Vale do Salgado
  • Breno Alves de Oliveira Centro Universitário Vale do Salgado
  • Fernanda Almino Oliveira Silva Centro Universitário Vale do Salgado
  • Jovanna Karine Pinheiro Centro Universitário Vale do Salgado
  • Rosivaldo Quirino Bezerra Júnior Centro Universitário Vale do Salgado

Resumo

A integração entre a teoria e a prática é fundamental na formação de médicos veterinários,
sendo as aulas práticas essenciais para preparar esses profissionais para as demandas da rotina
clínica. Contudo, o uso de animais em atividades educacionais é um tema, questionável,
especialmente quando confrontado com preocupações sobre o bem-estar animal e os
princípios dos "3Rs" (replace, reduce, refine) propostos por Russell e Burch em
1959. No contexto da medicina veterinária, a abordagem semiológica desempenha um papel
crucial, fornecendo informações vitais sobre os pacientes em estudo. É imperativo que os
estudantes compreendam a anatomia e fisiologia normais da espécie avaliada para identificar
alterações na homeostasia. No exame físico, um dos pilares da avaliação, destaca a ausculta
cardíaca como o primeiro passo na compreensão do funcionamento do coração. Diante da
necessidade de suprir as demandas de ensino sem comprometer o bem-estar animal, Otoch et
al. (2012) propõem métodos substitutivos, marcando uma mudança de paradigma no Brasil.
Essa transição levanta questões éticas e ambientais, impulsionando a busca por alternativas
didáticas que proporcionem aprendizado equiparável ou superior aos métodos tradicionais que
envolvem animais vivos (Zanetti, 2009). Diversos modelos didáticos alternativos têm
emergido, oferecendo opções como realidade virtual, programas de computador, acompanhamento clínico em pacientes reais, manequins, modelos, simuladores, vídeos e
estudos anatômicos em animais provenientes de morte natural, como destacado por
Magalhães & Ortêncio Filho (2006). Essa evolução reflete um compromisso crescente
com métodos educacionais, sustentáveis e éticos na formação de profissionais da medicina
veterinária. O trabalho consistiu em um relato de experiência cujo objetivo foi a criação de
um modelo artificial para ausculta cardíaca como método substitutivo à utilização de animais.
Para confecção do modelo, foram adquiridos: um gato siamês de pelúcia realista em tamanho
real (35 cm de altura x 25 cm de comprimento x 16 cm de largura, marca FIZZY®), sendo
inserido um zíper; um par de mini caixa de som Bluetooth portátil 3w M3 da marca
H’maston®. Uma caixa das caixas foi colocada no posicionamento do coração, na linha do
cotovelo do animal, e a outra caixa usada como repetidora do som da ausculta para
acompanhamento da atividade. Na realização da ausculta foi utilizado um estetoscópio da
marca Spirit® e os sons de batimento normal e alterados foram obtidos do site
http://www.geocities.ws/equipecv/sonscardiacos/sonscardiacos.html. Durante a prática e teste
do modelo para ausculta foi possível alterar a velocidade e altura do som, simulando as
adversidades encontradas na rotina clínica e permitindo “treinar” a audição. Na avaliação do
modelo, dentre os pontos-chave que foram trabalhados durante a avaliação, Camacho et al.
(2023) citam a importância do uso de um bom estetoscópio e a necessidade de realizar a
ausculta em um ambiente tranquilo, sem ruídos externos que possam perturbar a
concentração. A inserção de caixas de som no modelo, permitiu aos alunos vivenciarem e
treinarem as alterações cardíacas. A programação dos sons cardíacos, obtidos do site,
possibilitou simular diversas alterações encontradas na rotina clínica, ajustando a velocidade e
altura do som durante a prática e teste do modelo. A utilização do manequim proporciona
vantagens significativas no treinamento prático, uma vez que a ausência de animais reais sem
alterações cardíacas nas aulas práticas pode limitar a exposição dos alunos a determinadas
condições. O manequim permitiu a ausculta de diversas alterações, contribuindo para a
formação mais abrangente e segura dos estudantes no diagnóstico de anomalias cardíacas. A
abordagem de utilizar modelos manequins substitutos, conforme sugerido por Jukes &
Chiuia (2003), oferece treinamento prático e liberdade para os alunos praticarem
repetidamente os procedimentos, aprendendo em seu próprio ritmo. A simulação, revela-se
eficaz ao reproduzir parcial ou totalmente essas alterações em um modelo artificial. O uso do
manequim para ausculta permitiu avaliar os sons normais e alterados de função cardíaca e,
principalmente, treinar e aprimorar a técnica em âmbito universitário. A obtenção de animais
com alterações cardíacas diversas é uma prática difícil, ficando condicionada ao acaso e a
uma alta casuística de atendimentos em um ambiente hospitalar. O uso de um modelo animal
que simule sons dessas condições, permite ao discente “vivenciar” casos de baixa e alta
notificação na rotina médica veterinária. Constatou-se, então, que o emprego de modelos
artificiais como método alternativo ao uso de animais é promissor e eticamente louvável ao
reforçar o princípio dos 3Rs e trabalhar a importância do bem-estar animal. Agradecemos a
Liga Acadêmica de Produção e Saúde Animal da Univs, pela contribuição no trabalho.

Publicado

2024-04-26