A manipulação por trás do Instagram: esquemas de reforçamento como meios de controle sobre o comportamento dos usuários
Resumo
O conceito de “Condicionamento Operante” foi desenvolvido pelo psicólogo estadunidense B. F. Skinner, tratando-se essencialmente de um processo pelo qual se realiza em um organismo a aprendizagem de um novo comportamento em virtude da interação entre organismo e ambiente, onde determinadas ações tendem a aumentar (reforço) ou diminuir (punição) de frequência. Esquemas de reforçamento se referem à forma e critérios de como a consequência reforçadora se apresenta ao organismo, podendo ser contínua ou intermitente, variando o tempo (intervalo), quantidade (razão) ou ambas. Apropriando-se do procedimento desenvolvido por Skinner, é possível perceber que o Instagram (rede social lançada em 2010 e que permite o compartilhamento de fotos e vídeos pelos usuários) se utiliza dos esquemas de reforçamento, seja intencionalmente ou por puro acaso, em especial os de razão variável, para reforçar a contínua utilização de suas funcionalidades. À vista disso, o presente trabalho objetiva expor como os esquemas de reforçamento são utilizados pelo Instagram para manipular as pessoas que o utilizam. Para tal fim, se realizou um estudo exploratório de abordagem qualitativa Baseado em uma pesquisa bibliográfica narrativa. Sabendo que a conceituação que fundamenta os esquemas de reforçamento diz respeito aos critérios e/ou condições que uma ou mais respostas comportamentais precisam seguir para terem um menor, maior ou até nulo nível de reforçamento, é possível afirmar que existe uma forte ligação entre a frequência e o momento em que ocorre o reforço e a probabilidade do comportamento resistir ou responder ao estímulo reforçador. Por conseguinte, dividindo-se em dois tipos (reforço contínuo e reforço parcial que, por sua vez, é fragmentado em quatro diferentes classes, a saber: esquemas de razão fixa ou de razão variável e esquemas de intervalo fixo ou de intervalo variável), os esquemas de reforçamento são direcionados de acordo com os objetivos pretendidos pelo condicionamento aplicado. Uma vez que os esquemas de reforço parcial apresentam uma assaz eficiência em eliciar comportamentos resistentes à extinção, o Instagram os manuseia a fim de gerar dopamina (neurotransmissor incumbido de atuar no sistema mesolímbico – circuito de recompensa – do cérebro para operar sobre o humor, a motivação, o prazer, etc.) nos usuários mediante curtidas e comentários recebidos em publicações, como também atualização em feeds e na aba “explorar”; estímulos que agem como reforçadores de razão variável para provocar a aprendizagem de comportamentos como o de passar horas e horas conectado e alimentando a rede social, afinal, o sistema de reforços é realizado de modo imprevisível, não permitindo aos usuários saberem quando e em que quantidade receberão suas recompensas, tal como os jogos em máquinas caça-níqueis. Em suma, é perceptível que os usuários do Instagram são ensinados a se portarem como apostadores, ou seja, mesmo que não saibam se podem ganhar um “prêmio” ou não, sempre sentem um forte desejo de checarem a rede social para se certificar do que ocorre nela, visto que sem muito esforço podem receber várias doses de dopamina durante o dia, necessitando gradualmente estarem conectados à medida que o cérebro se torna habituado aos níveis de dopamina já conquistados.