O FINANCIAMENTO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS NO BRASIL EM TEMPOS DE AJUSTE FISCAL: CRÍTICA AS IMPLICAÇÕES

Autores/as

  • Fabrício Rodrigues da Silva Mestrando em Serviço Social pela Universidade Estadual da Paraíba; Especialista em Ciências da Educação e Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário Vale do Salgado - FVS e Professor Substituto da Graduação em Serviço Social do Instituo Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE
  • Evandro Nogueira de Oliveira Professor do Centro Universitário Vale do Salgado – UNIVS. Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – POSEDUC/UERN.
  • Adriana Alves da Silva Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Professora da Graduação em Serviço Social do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE
  • Maria Bonfim Carmo Mascena Professora do Centro Universitário Vale do Salgado – UNIVS. Vice – coordenadora do Laboratório Interdisciplinar em Estudos Organizacionais e do Trabalho (LIEOT - UNIVS). Mestre em Administração pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR.

Palabras clave:

Fundo público, Ajuste fiscal, Educação Pública, Ensino Superior.

Resumen

O contexto atual tem evidenciado a efervescência das consequências advindas da crise contemporânea do capital na realidade brasileira, em tempos de capital financeiro mundializado. Materializa-se no contexto nacional uma dura agenda de ajuste fiscal assumida pela política econômica, que tem subordinado as políticas sociais e públicas aos ditames da agenda neoliberal, hegemônica no Estado brasileiro. O ensino superior público tem sido alvo das medidas de ajuste fiscal, tais como os cortes e os contingenciamentos dos gastos. Assim, o objetivo deste artigo é analisar as implicações causadas pelas medidas de ajuste fiscal no financiamento do ensino superior, observando o orçamento das universidades federais nos últimos onze anos (2008 – 2018). Para tanto, realizou-se uma discussão teórica a partir de uma revisão de literatura e uma pesquisa documental em relatórios financeiros sobre orçamentos relacionados ao ensino superior no período destacado. Tem como método de análise o materialismo histórico dialético para analisar a realidade contraditória brasileira em que as disputas de classe se arriçam no âmbito da mediação realizada pelo Estado. Possui natureza descritiva e exploratória e de caráter quantitativa. Concluímos que as medidas de ajuste fiscal adotadas pelo Estado brasileiro nos últimos anos estão provocando um desfinanciamento de caráter continuado e intensivo no orçamento das universidades federais do brasil, através das medidas de cortes e contingenciamento dos gastos, ao mesmo tempo em que se intensifica o pagamento dos juros e amortização da dívida pública federal, revelando a discrepância entre os valores investidos no ensino superior e os valores gastos com a dívida pública.

Biografía del autor/a

Fabrício Rodrigues da Silva, Mestrando em Serviço Social pela Universidade Estadual da Paraíba; Especialista em Ciências da Educação e Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário Vale do Salgado - FVS e Professor Substituto da Graduação em Serviço Social do Instituo Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE

Assistente Social e Docente. Mestrando em Serviço Social, pelo programa de Pós-graduação em Serviço Social/PPGSS, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, na Universidade Estadual da Paraíba/UEPB, em Campina Grande, Paraíba. Área de concentração: Serviço Social, Questão Social e Direitos Sociais. Linha de pesquisa: Serviço social, Estado, Trabalho e Políticas Sociais. Membro do Grupo de Estudos, Pesquisas e Assessoria em Políticas Sociais - GEAPS - DSS - UEPB. Membro do Núcleo de Educação, Políticas Sociais e Serviço Social - NEPSSS e Grupo de Estudos em Seguridade Social, Fundo Público e Ajuste - IFCE. Pesquisa na área da Financeirização do Capital, Ajuste Fiscal, Fundo Público e Seguridade Social brasileira, com enfoque na Previdência Social.

Evandro Nogueira de Oliveira, Professor do Centro Universitário Vale do Salgado – UNIVS. Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – POSEDUC/UERN.

Professor do Centro Universitário Vale do Salgado – UNIVS. Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – POSEDUC/UERN.

Adriana Alves da Silva, Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Professora da Graduação em Serviço Social do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Professora da Graduação em Serviço Social do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE. E-mail: adriana.as.ce@gmail.com;

Maria Bonfim Carmo Mascena, Professora do Centro Universitário Vale do Salgado – UNIVS. Vice – coordenadora do Laboratório Interdisciplinar em Estudos Organizacionais e do Trabalho (LIEOT - UNIVS). Mestre em Administração pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR.

Professora do Centro Universitário Vale do Salgado – UNIVS. Vice – coordenadora do Laboratório Interdisciplinar em Estudos Organizacionais e do Trabalho (LIEOT - UNIVS). Mestre em Administração pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR.

Citas

BEHRING, E. Acumulação capitalista, fundo público e política social no Brasil. In: BOSCHETTI, E. R. et al. (Orgs). Política Social no capitalismo: tendências contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2008.

BEHRING, E. Brasil em contrarreforma: desestruturação do Estado e perda de direitos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

BRASIL. Emenda Constitucional n. 95, de 15 de dezembro de 2016. Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc95.htm. Acesso em: 22 jul. 2019.

BRASIL. Orçamentos da União: exercícios financeiros 2018 – projeto de lei orçamentaria. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. 2017. Disponível em: https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=8&ved=2ahUKEwjQgve1jczjAhV3IrkGHUD_DOAQFjAHegQIBxAC&url=http%3A%2F%2Fwww.planejamento.gov.br%2Fassuntos%2Forcamento-1%2Forcamentos-anuais%2F2018%2Fploa-2018%2Fvolume-v.pdf&usg=AOvVaw1KFdoiRaw352JoZ7Jgrpm8. Acesso em: 12/12/2019.

CAMARGO, R, B; MINTO, C. A. Escola sem partido? Uma análise com base na legislação e sob a ótica do financiamento. Universidade e Sociedade, Brasília, N. 61, p. 76-89, jan./2019.

CHASIN, J. Método dialético. Maceió, s/d, (mimeo).

CHESNAIS, F. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996.

CHESNAIS, F. Doze teses sobre a mundialização do capital. In: FERREIRA, C; SCHERER, A. F. O Brasil frente à ditadura do capital financeiro: reflexões e alternativas. Lajeado: UNIVATS, 2005.

DAVI, J; SANTOS, M. E. A; RODRIGUES, R. K. E. Ditadura as Finanças, Apropriação do Fundo Público e Contrarreformas das Políticas Sociais. In: Contrarreforma, Intelectuais e Serviço Social: as Inflexões na política de Saúde. SILVA, A. X; NÓBREGA, M. B; MATIAS, T. S. C. (ORGs). EDUEPB: Campina Grande, 2017, p. 75-95.

DEMIER, F. Depois do Golpe: a dialética da democracia blindada no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 2017.

HARVEY, D. Condição Pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola, 1992.

HARVEY, D. O novo imperialismo. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

LIMA, D, G; LIMA, R. L. A EC-95/2016 e a educação superior no Brasil: a materialização perversa do Novo Regime Fiscal. Universidade e Sociedade, Brasília, N. 61, p. 46-57, jan./2019.

LUKÃCS, G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo, Boitempo, 2013.

LUXEMBURGO, R. A Acumulação do Capital: contribuição ao estudo econômico do imperialismo. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

MACENO, E. T. Educação reprodução social: a perspectiva da crítica marxista. São Paulo: Instituto Luckács, 2017.

MANDEL, E. A crise do capital: os fatos e sua interpretação marxista. São Paulo: Ensaio, 1990.

MANDEL, E. O capitalismo tardio. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

MARQUES, R. M. Et al. Economia: que bicho é este? São Paulo: Expressão Popular, 2018.

MARQUES, R. M; MENDES, A. O Brasil frente à ditadura do capital financeiro: reflexões e alternativas. In: FERREIRA, C; SCHERER, A. F. O Brasil frente à ditadura do capital financeiro: reflexões e alternativas. Lajeado: UNIVATS, 2005.

MARX, K. Miséria da Filosofia. São Paulo: Martin Claret, 2008.

MARX, K. O Capital. Livro I, volume II. 26 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

MOTA, A. E. Cultura da crise e seguridade social. 7 ed. São Paulo, Cortez, 2015.

NETTO, J. P. Crise do capital e consequências societárias. Serviço Social e Sociedade, n. 111, p. 413-429, jul./set. 2012.

OLIVEIRA, F. Os direitos do antivalor: a economia política da hegemonia imperfeita. Petrópolis: Vozes, 1998.

SALVADOR, E. Fundo Público e Seguridade Social no Brasil. São Paulo, Cortez, 2010.

SALVADOR, E. O desmonte do financiamento da seguridade social em contexto de ajuste fiscal. In: Revista Ser Social e Sociedade, N. 130, São Paulo, p. 426-446, set./dez. 2017.

SILVA, S, P. As políticas econômicas brasileiras: e os desmontes das universidades públicas. Universidade e Sociedade, Brasília, N. 61, p. 94-105, jan./2019.

SOUZA, G; SOARES, M. G. M. Contrarreformas e recuo civilizatório: um breve balanço do governo Temer. SER Social, Brasília, V. 21, N. 44, p. 11-28, jan.-jun./2019.

TEIXEIRA, S, O. Ataques ao orçamento da Seguridade Social: ofensiva do capital contra o trabalho. Advir, Rio de Janeiro, N. 36, p. 99-111, jul./2017.

TONET, I. Método científico: uma abordagem ontológica. 2 ed. São Paulo: Coletivo Veredas, 2016.

VIEIRA, R, B. O programa para a educação superior de Jair Bolsonaro: empreendedorismo, controle e ofensiva sobre o fundo público. Universidade e Sociedade, Brasília, N. 61, p. 90-101, jan./2019.

Publicado

2020-03-12

Número

Sección

Relatos de Pesquisa