O impacto da negligência na saúde mental do idoso

Autores/as

  • Antônia Aline Ananias da Silva UniVS
  • Antônia Milena Oliveira Silva UniVS
  • Antônio Martins Vieira e Silva Junior UniVS

Resumen

Introdução: O presente trabalho aborda os impactos da negligência familiar na saúde mental do idoso. O envelhecer é um processo normal que faz parte do desenvolvimento do indivíduo e que é cheio de mudanças. Existem alguns fatores que tem nesse processo que podem ocasionar alguns problemas de saúde, depende também da qualidade de vida do idoso. Esse processo também torna o indivíduo cada vez mais vulnerável diante das mudanças que proporciona. A negligência esta ligada a ausência do cuidado em relação a algo ou alguém. A negligência familiar esta ligada a falta de cuidado com a pessoa idosa e a falta de responsabilidade, ou seja, é recusar-se ou omitir cuidados necessários aos idosos, a negligência a pessoa idosa é um tipo de negligência mais comum no país. A violência pode ser percebida através de maus-tratos, através do abuso financeiro. Diante disso, cabe fazer uma análise de como esse panorama repercute na saúde mental da pessoa idosa e como a velhice em si já é carregada de inseguranças e medo é uma processo que em muitos casos fragiliza a pessoa e a torna susceptível a transtornos mentais. Objetivo: Compreender como a negligência impacta a saúde mental dos idosos. Metodologia: Este estudo faz parte de uma pesquisa bibliográfica narrativa de abordagem qualitativa, a qual a temática foi estudada através da leitura de artigos e livros pesquisados na internet escolhidos por meio de amostragem não probabilísticas por conveniência. Resultados e discussão:  Em uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) houve aumento significativo da população com idade de 60 anos ou mais no brasil, chegando a 15,1% em 2022., no ano de 2012, o percentual era de 11,3%. A melhoria da qualidade de vida, inovações na área da medicina e as novas tecnologias são fatores que podem estar relacionados a esse acréscimo populacional. O envelhecimento pode ser compreendido a partir de 3 categorias, sendo elas primária, secundária e terciária, onde o envelhecimento primário refere-se ao processo inato ao individuo no qual mudanças físicas e psicológicas ocorrem de forma gradual como avanço da idade, sendo definida então como o processo normal de envelhecimento. Já o processo secundário, esta relacionado a alterações referentes a fatores ambientais, tendo influência direta na forma como cada pessoa vive, refere-se ainda a presença de sintomas clínicos ocasionados pela presença de alguma doença e por último o envelhecimento terciário, é o processo terminal, surge como um efeito acumulativo  do envelhecimento, essa fase  é caracterizada por perdas intensas tanto cognitivas quanto físicas, como pela presença de patologias. A idade vai ser caracterizada em  cronológica, definida pelo tempo de nascimento, a idade biológica esta relacionada ao desenvolvimento e modificação das células do corpo conforme o avanço do tempo, sendo caracterizado por mudanças no sistema  cardíaco, sistema respiratório com o comprometimento da função pulmonar e ainda as alterações no sistema esquelético-muscular onde há a redução do número de fibras, elasticidade, e ainda a perda da massa muscular  há também o envolvimento do sistema nervoso resultado na redução do número de neurônios, as respostas motoras limitadas, restringindo as reações e as coordenações do indivíduo, vale ressaltar que essas alterações irão depender tanto dos fatores intrínsecos quando extrínsecos, enquanto a idade psicológica é evidenciada no potencial de funcionamento mental do indivíduo, e por último a idade social que é a definição de velhice em cada sociedade, as mudanças nesses dois aspectos são as dificuldades de adaptação ao novo papel social que se encontra, baixa autoestima, perdas afetivas, somatizações e até depressão, com base no que foi citado a velhice deve ser compreendida a partir de várias óticas desde a biológica até a social. Família se constitui de pessoas que possuem um grau de parentesco e que geralmente dividem a mesma casa. A família tradicional brasileira é composta por pai e mãe unidos matrimonialmente e pelos seus filhos. Para a Constituição brasileira a família é bastante complexa pois considera várias maneiras de organização baseado em relações afetivas. A família é uma instituição que tem por responsabilidade a educação e o cuidado dos filhos e ela ainda influencia a conduta dos filhos socialmente. Ela  tem o papel na socialização através da transmissão de valores morais e sociais. A  família é um sistema complexo de ideologias, crenças, ética e valores tudo isso ligada ao andar da sociedade, conforme a sociedade caminha esses valores também caminham. Isso tudo tem uma finalidade, manter-se junto evitando a segregação. O sistema chamado família muda conforme a sociedade muda acarretando em mudanças por parte dos seus membros, muitas vezes causando choque. Atualmente falar de família se torna algo muito amplo e desafiante tendo em vista os inúmeros fatores que a atravessam. Há uma dificuldade pois por muito tempo se fez referência a ideia de família nuclear burguesa. A visão de uma família composta por pais e filhos que unidos por um laço vai em contraste com as famílias que surgem no cenário .Existem diversos tipos de família além da chamada elementar, dentre elas estão a família matrimonial, informal, monoparental, anaparental, reconstituída, unipessoal, real e família sagrada. As famílias são fonte de afeto elas proporcionam o bem-estar e o cuidado do indivíduo e ainda são fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem. É nela que se estabelece o ideias de pertencer e os primeiros passos da socialização. Ela é o que se entende como primeira sociedade que se leva pelo resto da vida. Dessa forma, ela é o tapete para a formação de qualquer indivíduo. É no meio familiar que se aprende a conviver socialmente, partilhando, ser responsável e compromissado. É uma das instituições mais antigas, a família deve dá sustenção a todos, pois é através dela que aprendemos a se relacionar os o mundo a volta. Todo conteúdo produzido na infância é levado ao longo da vida. Outrossim, falar de família remete a ideia de carinho e amor é fonte de apoio e colaboração além de serem fundamentais no processo de desenvolvimento. É na família que os primeiros vínculos vão sendo criados. É a primeira sociedade a qual o indivíduo convive e leva para o resto de sua vida, é no convívio familiar que aprende-se o básico para viver em sociedade e se proteger. É o pilar de sustentação, é nela que se aprende a conviver com os outros e consigo mesmo. A terceira idade é uma fase na qual cuidar do corpo e da mente contribui para a longevidade. A velhice é cheia de surpresas, ao mesmo tempo que uma pessoa com 90 anos está perfeitamente bem, uma de 60 pode não estar tanto assim. O que cabe pensar  é o quanto a passagem do tempo pode afetar a mente de uma pessoa. O envelhecimento deve ter autonomia, onde os idosos reconheçam seus direitos, estejam seguros, tenham sua dignidade respeitada, bem estar e saúde. Na velhice alguns sintomas físicos surgem e isso apavora ainda mais o indivíduo dentre eles diminuição da visão, diminuição da audição, aumento de peso. Em alguns casos perda da coordenação motora. Os aspectos da emoção também podem ser atingidos no que se chama “ crise da meia idade “ muitas vezes ante dos 60 anos. Além do indivíduo encarar sintomas físicos que os assusta ele ainda encara problemas na vida profissional e pessoal. Essas mudanças que muitas vezes são mais característicos por perdas - seja da mobilidade ou até por ficar viúvo(a) - são situações extremamente delicadas. As perdas só vão ficando cada vez mais frequentes e é onde a ansiedade, tristeza e a depressão se instala. Outro fator também é o isolamento, por fazer parte de uma sociedade na qual a jovialidade representa saúde, alguns idosos optam por se isolarem pelo sentimento de inutilidade. Esse tipo de estereótipo afeta significativamente a vida dos idosos trazendo graves consequências. O termo negligência, refere-se a falta de cuidado, responsabilidade em relação a algo ou alguém, são diversos os tipos de negligência, neste trabalho a atenção será voltada a negligência familiar, em especial, contra a pessoa idosa. O ato de omissão ou maus-tratos é caracterizado por causar dano ou aflição, nesse sentido a negligência aqui referida seria a omissão do cuidado necessário ao idoso por parte dos responsáveis. A negligência pode ser observada em vários aspectos, desde os maus tratos, na forma de violência física e ou verbais, humilhação, restrição desse idoso ao meio social, perda da autonomia, privação a alimentação e outras necessidades básicas  e através da exploração financeira, podendo ocasionar ao idoso impactos significativos, como a grande possibilidade de desenvolver depressão, se isolando cada vez mais, o que pode ocasionar a perca da vontade de viver, podendo levar até ao suicídio. Segundo dados divulgados em 2018, pela Organização Mundial da Saúde as taxas de suicídio apresentam altos acréscimos, de acordo com a pesquisa a morte por suicídio em pessoas de até 70 anos teve subiu nos últimos 6 anos, sendo 8,9 mortes por 100 mil onde a taxa média nacional, 5,5 por 100 mil. Dentre os fatores de risco que contribuem para o aumento dessas taxas estão os maus tratos sofridos por esses indivíduos.  Em janeiro de 2022, foi publicado um dado divulgado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do disque 100, cerca de 35 mil registros de casos de negligencia contra o idoso sendo 87% dos casos ocorrem na casa onde o idoso reside, Entre os agressores, os filhos são os principais responsáveis pela violação, figurando como suspeitos em mais de 16 mil registros, seguidos por vizinhos (2,4 mil) e netos (1,8 mil)São diversos os fatores que podem contribuir para que ocorra a negligência familiar, entre eles estão o despreparo do cuidado para lidar com os desafios que o cuidado ao idoso requer, a sobrecarga desse cuidador, visto que as outras áreas da vida são afetadas, falta de condições físicas e financeiras, conflitos intrafamiliares, visto que muitas vezes a responsabilidade será apenas de um membro da família..  Diante do exposto, e a partir da compreensão dos impactos que a negligência pode ocasionar no indivíduo no brasil existe a lei Federal nº 10.471/2003 conhecida como Estatuto do Idoso, que garante o direito a proteção e cuidado a essa população e regulamenta como dever da família, estado e sociedade que esses direitos sejam efetivados. Conclusão: Em síntese, é entendido que com base a expectativa de vida da pessoa idosa vem crescendo, cresce também os desafios em relação ao cuidado com essa população,  visto que a forma que a  velhice ocorre depende não só de fatores biológicos, mas os fatores extrínsecos terão grandes contribuições na maneira que esse envelhecimento procede e muitas vezes os cuidados terão que ser dobrados de acordo com a necessidade de cada pessoa. É compreendido também que nessa idade os desafios em relação ao cuidado que necessita esse período da vida a negligência pode surgir impactando de forma negativa esse processo. Com isso, é relevante que os estudos acerca das mudanças, desafios em relação ao cuidado com a pessoa idosa, o grande número de negligência que ocorre nessa fase e os impactos qu provoca na saúde mental do idoso, objetivo central desse estudo, contribuam para que o direito previsto por lei em relação aos cuidados e proteção a esse publico seja efetivado contribuindo assim para uma melhor qualidade de vida.

Publicado

2024-05-03