Uma descrição da análise do comportamento aplicada como terapia para o Transtorno do Espectro Autista

Autores/as

  • Antonio Martins Vieira e Silva Junior UNIVS
  • Maria Fernanda Lima do Nascimento
  • Rebeca de Freitas Peixoto
  • Yasmim Gonçalves Dimas

Resumen

A análise do comportamento é uma abordagem da psicologia com forte histórico experimental cujo objeto de estudo é o comportamento, definido como uma relação entre o organismo e o ambiente. Dentre suas características, é possível evidenciar o foco na seleção dos comportamentos ao longo da história de vida através da relação entre fatores genéticos, ambientais e culturais. A aplicação prática do corpo de conhecimento produzido na análise do comportamento é conhecida como análise do comportamento aplicada (Applied Behavior Analysis, ou ABA) e é utilizada em uma ampla gama de áreas, dentre as quais é possível citar a psicoterapia. O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado como um distúrbio do neurodesenvolvimento que apresenta comportamentos atípicos, déficits na comunicação e na integração social, manifestações comportamentais e comportamentos repetitivos e estereotipado, constituindo-se como um distúrbio complexo e geneticamente heterogêneo. É importante notar que a condição, a depender do grau, pode trazer prejuízos para o indivíduo e seu entorno, assim, faz-se necessário, para a pessoa diagnosticada com TEA, um trabalho que o integre na comunidade em que faz parte e desenvolva repertório eficaz para suprir suas demandas específicas. O autismo é uma condição complexa e variada, com uma ampla gama de desafios e habilidades. Não há uma única causa, mas sim uma interação de diversos fatores genéticos e ambientais. Cada pessoa com autismo é única, e é essencial individualizar os planos de tratamento e intervenção para atender às necessidades específicas de cada criança. Compreender a diversidade do autismo ajuda a identificar as intervenções mais adequadas em diferentes momentos. Para isso, a terapia baseada em ABA para o autismo possui evidências científicas suficientes para ser considerada eficaz. Descrever o processo de psicoterapia baseado em análise do comportamento aplicada (ABA) para o tratamento do espectro autista. O presente estudo parte de uma revisão de literatura narrativa qualitativa exploratória utilizando-se de livros técnicos e artigos científicos selecionados de forma sistemática através de busca em bases de dados especializadas e em referências bibliográficas de artigos e livros já conhecidos. A base de pesquisa utilizada foi o Google acadêmico. A análise dos materiais se deu por meio de categorização temática e análise crítica do conteúdo. A escolha da metodologia busca oferecer uma do uso da terapia ABA para o tratamento do espectro autista, bem como identificar possibilidades para futuras pesquisas. A Terapia ABA, sigla para Análise do Comportamento Aplicada, considera o comportamento como modelado pelo ambiente e que as respostas almejadas e esperadas devem ser reforçadas, por isso alguns manejos comportamentais podem contribuir para o desenvolvimento da criança autista, destacando que tais ajustes não devem acontecer apenas em um setting terapêutico. O foco é o ensino intensivo das habilidades necessárias para aumentar a autonomia dos indivíduos diagnosticados. O processo se concentra na análise científica do comportamento humano, identificando as relações entre o ambiente e o comportamento, e utilizando técnicas de modificação comportamental para promover mudanças positivas. A terapia é altamente individualizada, adaptando-se às necessidades específicas de cada pessoa com autismo. Inicialmente, um terapeuta realiza uma avaliação detalhada para identificar os comportamentos-alvo a serem desenvolvidos ou modificados. Isso pode incluir habilidades de comunicação, interação social, autonomia pessoal, habilidades acadêmicas e comportamentos adaptativos. Com base na avaliação, o terapeuta estabelece objetivos específicos e mensuráveis para a terapia. Os comportamentos são divididos em passos menores e sequenciais, permitindo que o indivíduo progrida gradualmente. Técnicas como modelagem, encadeamento e análise funcional do comportamento são empregadas para ensinar novas habilidades. A modelagem envolve a demonstração física ou visual de um comportamento desejado, incentivando o indivíduo a imitá-lo. O encadeamento é uma estratégia em que as habilidades são divididas em etapas menores, permitindo que o indivíduo aprenda uma parte de cada vez até dominar todo o comportamento. A análise funcional do comportamento busca identificar as causas e consequências dos comportamentos problemáticos, a fim de desenvolver estratégias de intervenção apropriadas. Um componente fundamental é o uso de reforço positivo. Isso significa fornecer consequências reforçadoras, como recompensas ou elogios, ao indivíduo quando ele realiza um comportamento desejado. O reforço positivo aumenta a probabilidade de que o comportamento ocorra novamente no futuro. O reforço pode ser em forma de elogios verbais, prêmios tangíveis, acesso a atividades preferidas ou intervalos de descanso. A terapia é geralmente realizada em uma variedade de ambientes, incluindo o ambiente doméstico, escolar e comunitário, para facilitar a generalização das habilidades aprendidas. Além disso, os pais e cuidadores são frequentemente envolvidos no processo de terapia, para que possam implementar as estratégias no dia a dia do indivíduo. Estudos têm demonstrado que é eficaz na melhoria de habilidades sociais, comunicação, comportamento adaptativo e acadêmico em pessoas com autismo. No entanto, é importante reconhecer que cada pessoa é única e pode responder de maneira diferente à terapia. Portanto, a abordagem do ABA deve ser adaptada e ajustada continuamente para atender às necessidades individuais, garantindo que a terapia seja adequada e eficaz para cada indivíduo com autismo. A terapia ABA é uma abordagem eficaz no tratamento do autismo, promovendo autonomia através do ensino intensivo de habilidades. Ela é adaptada às necessidades individuais, utilizando técnicas de modificação comportamental, como modelagem e reforço positivo. Estudos comprovam sua eficácia na melhoria das habilidades sociais, comunicação e comportamento adaptativo em pessoas com autismo.

Publicado

2024-04-28