Adaptações osteológicas nos mamíferos da superordem XENARTHRA
Resumen
A superordem Xenarthra (anteriormente conhecida como Edentados) agrupa os mamíferos
placentários conhecidos como preguiças (Folivora), tamanduás (Vermilingua) e tatus
(Cingulata). Estes animais de aspectos únicos são endêmicos das Américas, com espécies
distribuídas pelo Brasil: como o famoso tatu-bola (Tolypeutes tricinctus). Possuem modos de
vida variados: os Folivoras movem-se lentamente e passam a maior parte da vida em árvores,
os Vermilinguas possuem crânio alongado e garras adaptadas para a alimentação insetívora e
os Cingulatas se enterram e são dotados de carapaças para proteção. É inegável que eutérios
tão distintos possuem particularidades osteológicas únicas (como o processo xenarthro em
algumas de suas vértebras), neste resumo este aspecto será discutido. O objetivo desta
pesquisa é abordar as peculiaridades da osteologia dos mamíferos Xenarthra, buscando
facilitar o entendimento desta anatomia para médicos veterinários que trabalham com animais
silvestres. Foram feitas pesquisas de artigos que tratem do tema, em bancos de dados do
google scholar, pub med, Scielo e jornais de universidades. Foram utilizados artigos
publicados, no máximo, até 10 anos atrás com critérios de exclusão: tese de TCC. Estudos
filogenéticos indicam que os xenartros tenham surgido há mais de 60 milhões de anos, na área
conhecida atualmente como Américas. Do grego Xenos, “estranho” e arthros, “articulação”, o
nome indica a característica que reúne todos estes animais: o processo xenarthro (também
conhecido como xenarthrales). Trata-se de um processo vertebral, localizado ventralmente ao
processo mamilar, onde o processo transverso da vértebra anterior se articula em sua base,
isto proporciona uma maior estabilidade ao animal permitindo o apoio em tripé (membros
pélvicos e cauda), sendo sua distribuição variada de um xenartro para o outro. Sua função
também varia, em tatus, ele serve para distribuir melhor o peso do membro torácico e garantir
maior facilidade de movimento, já nos vermilíngues, além desta função, dá o apoio em tripé e,
em preguiças, acredita-se que este processo esteja relacionado à uma postura ereta, o que
favorece seus hábitos arborícolas. A antiga nomenclatura de Edentados também se deve à
uma característica de alguns destes indivíduos: a diminuição ou falta completa de seus dentes
e alvéolos dentários na mandíbula. Isto deve-se ao fato de que a alimentação deles é à base de
invertebrados, com exceção das preguiças (estas se alimentam de folhas e ainda possuem suas
gonfoses) e tatus (que embora tenham boa parte da dieta representada por insetos, podem
possuir um número alto de dentes). Uma característica bastante peculiar e comum a todos estes mamíferos é a presença de um sinsacro (o sacro encontra-se fundido ao osso coxal) que
fornece ainda mais estabilização na sua coluna vertebral para a realização de suas atividades
como escavar. Outra característica vertebral única, presente apenas na espécie Bradypus
variegatus (bicho-preguiça) é a presença mais de 9 vértebras cervicais (contrariando as demais
espécies de animais, que possuem 7C), o que lhe confere uma maior flexibilidade e amplitude
de movimento no pescoço para facilitar sua alimentação. Também é comum aos folivoras a
presença de uma anquilose na articulação dos metacarpos com as falanges proximais, tal
característica lhes permite maior facilidade em se segurar nas árvores onde vivem. Os tatus
são os únicos xenartros a possuir osteodermes (placas ósseas recoberta de queratina) ao longo
de seu dorso, são usadas pra proteção de predadores, pois fornecem uma maior resistência ao
animal. É evidente, portanto, que a superordem Xenarthra apresenta diversas adaptações
osteológicas únicas que não são bem descritas na literatura, o que acaba por dificultar o
entendimento da anatomia destes animais e atrapalha, muitas vezes, a qualidade de tratamento
oferecida por médicos veterinários. O conhecimento de anatomia é indispensável para
qualquer profissional que trabalhe diretamente com animais, assim é necessário que o estudo
e pesquisa nesta área sejam cada vez mais incentivados. Também é fundamental pontuar que a
maioria destes animais se encontra em algum grau de ameaça de extinção, portanto, a maior
visibilidade e estudo dessas espécies serve como ferramenta na divulgação desse dado a fim
de garantir a conscientização da população sobre essa questão.
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