Relato de experiência - projeto artesanias da diversidade LGBTQIAP+ na escola

Authors

  • Kaelhany Pereira Batista Centro Universitário Vale do Salgado (UniVS)
  • Lorena Avelino Almeida Centro Universitário Vale do Salgado (UniVS)
  • Daniel da Silva Gomes Centro Universitário Vale do Salgado (UniVS)
  • Tadeu Lucas de Lavor Filho Centro Universitário Vale do Salgado (UniVS)

Abstract

Introdução: O presente trabalho foi realizado a partir de um Projeto de Extensão Artesanias da diversidade LGBTQIAP+ na escola proposto pela Liga Acadêmica de Psicologia Comunitária (LAPSICO), tendo como finalidade discutir as vivências que pessoas LGBTQIAP+ vivem dentro do ambiente escolar. A sexualidade e a identidade de gênero são duas questões continuamente estudadas e debatidas socialmente, contudo algumas vezes são categorias vistas de forma estereotipada e reducionista, mas poucos entendem sua concepção. A sexualidade é entendida como fruto das experiências vividas individualmente, atravessada pelo contexto histórico, coletivo e tendo relação com diversas práticas sociais que é experienciado por cada indivíduo, produzindo assim sua subjetividade (CFP, 2023). De acordo com Louro (2011), as categorias gênero e sexualidade são construções sociais que sofrem mudanças de conceitos durante toda a história da humanidade. Os aspectos atribuídos a eles implicam em uma noção de diferença, a qual a sociedade heteronormativa impõe costumes e padrões de comportamento culturalmente aceitos como corretos e universais. Ao discutir sobre gênero se questiona as atribuições que são feitas com base unicamente no sexo do indivíduo, bem como os papéis sociais que são idealizados e construídos durante décadas como, por exemplo, os padrões de agir, falar e vestir que são culturalmente aceitos como o certo, e que devem ser discutidos e desconstruídos. Diante da relevância de debater acerca desses assuntos, buscamos um ambiente escolar como espaço que se constitui por diversificação daqueles que a compõe, possuindo diversos a qual possui diversos microssistemas que se integram cotidianamente influenciando o desenvolvimento e percepção crítica acerca das diferentes temáticas que venham a surgir no âmbito escolar, como por exemplo: preconceito, intolerância e discriminação (VENTIMIGLIA, 2020). Objetivo: Relatar a experiência do projeto de extensão que ocorreu em um espaço escolar da rede municipal de Icó, com alunos do ensino fundamental II. Metodologia: Para a construção desse trabalho, que tem como característica pesquisa bibliográfica, foi necessário deliberadamente uma análise de trabalhos científicos e livros que abordassem temas relacionados. O método de pesquisa é de cunho qualitativo exploratório, que busca o acúmulo científico sobre a temática (PIZZANI et al, 2012). Foram utilizados os seguintes descritivos na ferramenta de pesquisa Google acadêmico: “Gênero”; “sexualidade” e “LGBTQIAP+ FOBIA”, resultando em 5.910 resultados, dos quais foram retirados 3 artigos, foram usados também o descritos "resistência", "escolar", resultando em 965 resultados, sendo utilizado apenas 1. Além disso. Os critérios de inclusão para a seleção dos estudos foram: data de publicação entre 2003 a 2023; relação com a temática; trabalhos traduzidos para o português. Além dessa característica esse trabalho também consiste em um relato de experiência, por meio de atividades de oficinas realizadas no ambiente escolar de uma escola de ensino fundamental II situada na cidade de Icó-Ce, sendo coletadas informações a partir de atividades desenvolvidas durante cinco encontros. Com essas atividades buscamos debater diversas temáticas como, por exemplo: os preconceitos no âmbito familiar, escolar e social. Foram experienciadas algumas práticas de dinâmicas de grupo, rodas de conversas e atividades que envolveram artes, como pintura e música. Esses encontros foram articulados com a coordenadoria da escola, os quais participaram 10 alunos de faixa etária de 15 a 16 anos, sendo 8 mulheres e 2 homens. Resultados e Discussões: No primeiro encontro, a partir da implementação da metodologia proposta, foi possível conhecer as vivências que os alunos passavam cotidianamente dentro do contexto escolar e, principalmente em casa, através de discursos carregados de preconceitos e estereótipos acerca da comunidade. É perceptível, que continuamente, os alunos são silenciados ao expor seu posicionamento diante da sexualidade, gênero, racialidade e religião, pois são vistos de forma ofensiva por determinada parte do corpo escolar. Expressar-se de acordo com sua construção subjetiva, indo contra o padrão imposto da cisheteronormatividade e da religiosidade é uma compreensão dos efeitos relatados pelos participantes. Em alguns relatos há circunstâncias em que o posicionamento da escola vai contra a concepção de Estado Laico, impossibilitando a liberdade de expressão em um espaço que contém conteúdos e discursos religiosos, o que compreendemos não como uma identidade da escola habitada, mas de uma marca sobre a instituição escolar moderna. De acordo com Mattos (2003), há diversas formas de resistências dentro do ambiente escolar, e suas manifestações são variadas, tendo como característica enfrentar a figura autoritária, essa condiz com o papel exercido por docentes dentro do contexto sala de aula, a pesquisa realizada pela autora enfoca no riso e conversação durante as aulas, como maneira de enfrentamento ao autoritarismo. Ainda sobre a escola habitada, observou-se que os estudantes exerciam modos de resistência ao discutir essas temáticas dentro das salas de aula, reafirmando a necessidade de serem trazidas à tona através de debates e promoção de conhecimento que deveriam ser desenvolvidos pelo educador em sala. Durante os encontros a produção de artes, compreendo dança, pintura, teatro e música, é usada como ferramenta para expressar a identidade e concepção crítica da realidade na qual os estudantes estão inseridos, apesar de não serem validados pelo espaço que deveria desempenhar a atribuição de inclusão, respeitando alteridade e as variadas formas ser e existir. Considerações finais: É relevante destacar a importância de escrever e debater sobre o tema, levando em consideração as experiências vivenciadas na realização do projeto de extensão, estando na posição de aprendizagem, proporcionando uma escuta empática, em um espaço de liberdade de expressão sem a prática do julgar. Além disso, o projeto serviu como construtor de experiências necessárias para o acadêmico de psicologia, proporcionando o contato com diferentes contextos, nos quais a psicologia está presente, como no ambiente escolar. Ainda, vivências como essas, se entrelaçadas a jornada acadêmica de jovens adolescentes, servem como ponte para uma propagação de conhecimento sobre a temática, podendo vir a formar uma juventude mais engajada e inteirada sobre as causas sociais e de gênero. Por fim, momentos que nem esses servem, muitas vezes, como amparo a jovens LGBTQIA+ que estejam passando por momentos conflituosos, uma vez que se faz possível um aprofundamento sobre o tema e um amparo que, em alguns casos, não existe em outra esfera de sua vida. 


Palavras-chave: LGBTQIA+; Sexualidade; Gênero; Psicologia; Escola.

Published

2024-06-17