Auto-hemoterapia no tratamento da papilomatose canina - revisão de literatura

Autores

  • Breno Alves de Oliveira
  • Gabrielly Pacífico Cruz
  • Karen Rhavena Andrade de Holanda
  • Tharvino Bezerra Cândido
  • Mila Cristina Garcia de Mendonça
  • Jôvanna Karine Pinheiro

Resumo

Introdução: A papilomatose é uma enfermidade viral infecciosa causada pelos vírus do gênero Papilomavírus, que pertencem à família Papillomaviridae. Ele é altamente transmissível entre os cães, sendo considerada uma doença tumoral benigna, onde o seu principal sinal clínico é o aparecimento de verrugas de diferentes formas, principalmente na cavidade oral, nos lábios, na faringe e na língua. O animal acometido com papilomatose também pode apresentar disfagia, sangramento oral, dor, má oclusão, ptialismo, relutância ao se alimentar, halitose, infecções bacterianas e miíases de maneira secundárias as lesões tumorais. É uma enfermidade cosmopolita, relatada principalmente em bovinos, sendo em cães pouco relatado.Afeta cães de todas as idades, porém torna-se mais prevalente em animais com menos de dois anos de idade. A transmissão ocorre por meio do contato direto ou indireto com fluidos corporais ou sangue que contenha vírus. O diagnóstico é feito por meio da anamnese, exame físico e exames complementares como histopatológico e imuno-histoquímica. Como diagnóstico diferencial, é sempre bom elucidar a epúlides, tumor venéreo transmissível e carcinoma de células escamosas. A papilomatose é considerada, na maioria das vezes, uma enfermidade autolimitante, porém em casos crônicos pode ser indicado administração de fármacos antivirais e homeopáticos, medicamentos imunomoduladores, aplicação de vacina autógena, exérese cirúrgica, crioterapia com nitrogênio líquido, eletrocirurgia e sessões de quimioterapia sistêmica ou intralesional. Uma outra forma de tratamento para a papilomatose que é empregado, é a auto-hemoterapia, que se trata de um método empírico, que vem sendo utilizado de maneira crescente na medicina veterinária, devido o manuseio fácil e o custo baixo. Normalmente o prognóstico da enfermidade é favorável, desde que a causa raiz que desencadeou ela seja devidamente tratada. Realizar uma revisão de literatura científica existente sobre o uso da auto-hemoterapia no tratamento da papilomatose, com o intuito de fornecer uma análise crítica e atualizada do estado da pesquisa, identificando as descobertas, tendências e lacunas no conhecimento nessa área específica. Metodologia: Realizou-se a coleta de material bibliográfico por meio de uma pesquisa sistemática em bases de dados acadêmicos, tais como PubMed, Scopus, Google Scholar e repositórios acadêmicos, com o propósito de identificar estudos relacionados à aplicação da auto-hemoterapia no tratamento da papilomatose canina. Foram empregadas palavras-chave pertinentes, incluindo "auto-hemoterapia", "papilomatose canina", "tratamento" e "cães", bem como suas combinações. Foi feita a inclusão de artigos publicados em inglês, português e outros idiomas quando aplicável. A partir dessa busca, foram inicialmente identificados 32 artigos com base em seus títulos. Subsequentemente, procedeu-se à análise dos resumos desses 32 artigos, resultando na seleção de 27 deles. Finalmente, após a leitura integral dos artigos selecionados, foram escolhidos 20 trabalhos para integrar a presente pesquisa científica.Resultados e discussões: A auto-hemoterapia é um procedimento terapêutico presente na medicina veterinária, onde seu uso está em ascensão devido ao fato de ser de fácil manuseio e possuí baixo custo para o tutor, no entanto, trata-se de um procedimento que não possui comprovação científica devido a falta de estudos clínicos que comprovem seus supostos benefícios (BAMBO, 2011). Nos últimos anos, entretanto, tem havido um aumento na busca por pesquisas sobre esse método, que também pode ser encontrado na literatura como terapia do soro, imunoterapia, auto-hemotransfusão ou transfusão de sangue autólogo, onde trata-se de um processo de coleta de sangue autólogo do animal com papilomatose e sua administração sem anticoagulante na musculatura do próprio animal para que ele desencadeie uma resposta imunológica inespecífica, onde essa condição pode levar a regressão da papilomatose (BAMBO, 2011; SHAKMAN, 2010; HARTMANN et al., 2002; SILVA et al., 2011). A auto-hemoterapia é responsável por induzir um aumento nos níveis de anticorpos que possuem a capacidade de se conectarem a produtos resultante da degradação celular, neutralizando-os, e como consequência, resulta no aumento dos níveis de linfocitotoxicinas na corrente sanguínea (BAMBO, et. al., 2012). A prática da auto-hemoterapia estimula a ativação do sistema mononuclear fagocitário ao elevar a proporção de macrófagos de 5% para 22%, onde essa elevação é mantida por um período de cinco dias, após o qual a taxa gradualmente diminui, retornando ao seu valor inicial no sétimo dia, onde recomenda-se repetir o procedimento a cada intervalo de sete dias (MOURA; 2011). O sangue venoso obtido é abundante em dióxido de carbono, e ao entrar em contato com a seringa, induz alterações físico-químicas na estrutura das hemácias, portanto, quando administrado no organismo, desempenha um papel semelhante ao de uma proteína estranha (QUEIROZ, 2018). Em um estudo foi realizado um tratamento de auto-hemoterapia para papilomatose oral em um cão SRD de 3 anos de idade e pesando 18 kg, no qual foi coletado 1,8 ml de sangue venoso e administrado na musculatura, onde a médica veterinária indicou quatro aplicações com intervalo de 10 dias. Após a primeira aplicação houve redução de cerca60% do caso, na segunda aplicação redução de 80%, e no retorno para a última aplicação não foi observado mais nenhuma verruga (PASSOS, et. al., 2023). Considerações finais: A revisão de literatura sobre a auto-hemoterapia no tratamento de papilomatose canina revela um campo de estudo intrigante e promissor, pois os estudos analisados indicam um potencial impacto positivo da prática, com relatos de regressão de papilomas associados ao aumento da resposta imunológica, porém se faz necessário mais pesquisas clínicas e científicas, pois é imperativo reconhecer as limitações dos estudos existentes, incluindo a falta de ensaios controlados e aleatórios, a heterogeneidade dos resultados e a ausência de consenso quanto à eficácia. Portanto, a continuidade dessa pesquisa é crucial para melhor entender os mecanismos subjacentes, determinar protocolos ideais e, por fim, fornecer orientações mais seguras e eficazes para a aplicação da auto-hemoterapia no contexto da papilomatose canina. Agradecemos a Liga Acadêmica de Produção e Saúde Animal da UniVS, pela contribuição no trabalho.

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Publicado

2024-06-28