Desenvolvimento cognitivo infantil e os impactos de uma separação conjugal

Autores

  • Maria Tainara De Sousa Silva Centro Universitário Vale do Salgado (UniVS)
  • Mirelly Holanda Silva Centro Universitário Vale do Salgado (UniVS)
  • Rebeca Pereira Lima Centro Universitário Vale do Salgado (UniVS)
  • Marden Martins Oliveira Centro Universitário Vale do Salgado (UniVS)

Resumo

Introdução: Durante a primeira infância, a família desempenha um papel central na criação de vínculos fundamentais, assim como na provisão dos cuidados e estímulos essenciais para o crescimento e desenvolvimento da criança. A qualidade desses cuidados, abrangendo tanto aspectos físicos quanto afetivo-sociais, é influenciada por condições estáveis de vida, que incluem tanto fatores socioeconômicos quanto psicossociais (Andrade et al., 2005). O termo a separação conjugal tornou-se uma decisão cada vez mais comum. Essa, que já é mantida como estilo de vida, já é algo bem natural no meio social, e podem ter inúmeras conclusões. Entretanto, devemos lembrar sobre o quanto esse processo torna-se difícil, principalmente quando há filhos envolvidos na relação e torna-se grande alvo atingidos nesse meio. Devido a isso, é essencial ser pautado entre o casal não só apenas o melhor para ambos, como também em peso os critérios para continuar mantendo o estado de bem-estar do filho(os), especialmente quando o(os) estão desfrutando a fase infantil, momento no qual é extremamente importante e marcante no decorrer do ciclo da vida. Uma das questões mais vivenciadas no meio da separação são os impactos no desenvolvimento cognitivo das crianças. Esse tipo de desenvolvimento representa a evolução no processamento das funções e informações cerebrais. Os pais influenciam diretamente nesse processo, e sobre o contexto mencionado, findam possíveis impactos da relação da criança com o meio em que está inserida, já que a mesma só consegue intervir sobre um bom funcionamento das funções neurológicas (Scheifler et al., 2017). Objetivo: Investigar os impactos da separação conjugal nas funções cognitivas de crianças, abordando o funcionamento cerebral e possíveis desafios decorrentes da dissolução do relacionamento dos pais. Metodologia: Para criar este resumo simples, conduzimos uma pesquisa bibliográfica narrativa e qualitativa, utilizamos uma ampla variedade de fontes acadêmicas. A pesquisa se concentrou na análise de artigos científicos publicados ao longo da última década. Foi realizada uma busca abrangente, englobando recursos como o Google Acadêmico e a base de dados SciELO. Utilizamos descritores específicos, como “Desenvolvimento cognitivo infantil”, “Separação conjugal e a criança” para identificar estudos que estivessem diretamente relacionados ao assunto. Resultados e discussões: A interação entre a criança e os adultos, bem como com outras crianças, é um dos elementos-chave para uma estimulação adequada no ambiente familiar. Os processos proximais desempenham um papel fundamental nessa interação, atuando como mecanismos que contribuem para o desenvolvimento da percepção da criança, além de orientar e controlar seu comportamento. Além disso, a família exerce a importante função de mediadora entre a criança e a sociedade, facilitando o processo de socialização, que é um elemento essencial para o desenvolvimento cognitivo infantil. Comumente, quando isso não acontece, os fatores de risco estão associados a níveis socioeconômicos baixos e à fragilidade nos laços familiares, podendo acarretar prejuízos nas habilidades de resolução de problemas, linguagem, memória e interação social (Andrade et al., 2005). A infância é uma etapa muito relevante para todo o desenvolvimento humano e a construção de um indivíduo completo, já que é nesse período, entre os primeiros 34 meses de vida, em que a plasticidade cerebral está sendo desenvolvida com maior intensidade, havendo a criação de neurônios e células glias, o crescimento axonal e brotamento dendrítico, a sinaptogênese (conexão entre neurônios por meio de dendritos e axônios, a poda sináptica (eliminação de superprodução de sinapses, a mielinização (as células mielinas envolvem e isolam os axônios dos neurônios) e entre muitos outros processos que compõem a formação da cognição infantil. Sob essa perspectiva, segundo Erik Erickson, psicólogo e psicanalista, no decorrer da vida, os indivíduos passam por 08 (oito) estágios psicossociais, a qual cada crise ocorre em uma determinada fase especificada pela maturação biológica e pelas demandas sociais vividas por cada sujeito. Desse modo é nas duas primeiras crises - Confiança vs Desconfiança Básica e Autonomia vs Vergonha e Dúvida - em que ocorre a plasticidade cerebral intensa e em que as mesmas são determinadas, principalmente pelos agentes sociais cuidador primário e pais, ou seja, para a obtenção do sucesso das citadas crises, é pertinente que os pais estejam fortemente presentes em seu desenvolvimento, o que por muitas vezes não é recorrente, já que segundo o IBGE, no Brasil existem mais de 600 mil crianças e adolescentes (menores de 18 anos) cujos pais são separados, influenciando impactos negativos na saúde mental, construção da cognição infantil e na formação geral das crianças (Nunes, Lamela, Figueiredo, 2009). Conclusão: O desenvolvimento cognitivo infantil, crucial na primeira infância, é fortemente influenciado pelo papel central da família na criação de vínculos e estímulos. A crescente prevalência da separação conjugal na sociedade contemporânea apresenta desafios significativos, impactando a interação familiar e, consequentemente, prejudicando habilidades cognitivas. Processos proximais e qualidade dos cuidados são essenciais, e a falta desses elementos pode resultar em riscos socioeconômicos e fragilidade nos laços familiares. A plasticidade cerebral intensa nesse período destaca sua importância para o desenvolvimento cognitivo, enquanto a separação dos pais pode afetar as fases críticas do desenvolvimento psicossocial. No contexto brasileiro, onde há uma expressiva quantidade de crianças cujos pais são separados, compreender e abordar os impactos negativos torna-se crucial para promover intervenções eficazes e mitigar as adversidades no desenvolvimento cognitivo infantil. 

Palavras-chave: Desenvolvimento cognitivo infantil. Separação conjugal. Plasticidade cerebral. Processos proximais. Interação familiar.

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Publicado

2024-06-17