Nível de conhecimento sobre o manejo de bezerros ao nascimento e a prevenção de doenças neonatais

Autores

  • Raissa Gomes de Lima Ramos
  • Francisco Gabriel Paulino Nogueira
  • Izadora Pinheiro Landim
  • Joel de Lima Oliveira
  • Lucas Ravel da Silva Cordeiro
  • Rhamon Costa e Silva

Resumo

O objetivo central desse estudo foi estabelecer correlações entre práticas inadequadas de manejo e a ocorrência de doenças neonatais. Além disso, buscou-se identificar os principais fatores de risco associados à morbidade e mortalidade nessa população. Cerca de 75% das perdas de produção no rebanho acontecem durante o período que compreende os 28 dias após o nascimento. Para assegurar uma criação saudável, é fundamental observar os princípios essenciais das boas práticas de manejo, saúde e bem-estar animal, abrangendo desde a fase pré-natal da vaca até o momento do desmame da cria. A pesquisa foi realizada em cima de um questionário estruturado, com um roteiro de perguntas já definidas e aplicadas igualmente a todos os candidatos. O local de aplicação do questionário foi no distrito José de Alencar, Iguatu – CE e contou com a participação de 12 produtores da cadeia produtiva de leite. Foram levantados os dados sociodemográficos, fatores técnicos relativos ao manejo de bezerros neonatos, de atividade desenvolvida, objetivo da produção, incluindo perguntas específicas de manejo no pré-parto, parto e pós nascimento, possibilitando uma avaliação geral dos possíveis indicadores que prejudicam a saúde dos neonatos. Dentre os dados obtidos constatou-se que 50% das propriedades entrevistadas possuíam um rebanho com mais de 50 bovinos efetivos, 100% sob sistema semi-intensivo com objetivo de produção mista, porém nenhuma das propriedades possuíam assistência médico veterinária. Em 66,7% dos entrevistados relataram não conhecer que, o estresse durante o manejo, o clima, a superlotação, a desnutrição e a aplicação de alguns medicamentos podem causar abortos nas matrizes. Para evitar perdas reprodutivas, deve atentar-se principalmente a uma boa nutrição, sanidade, ambiente ao qual os animais estão inseridos e o tipo de manejo adotado. A eficiência do sistema de criação busca a produção de um bezerro por ano por vaca, entretanto não basta que a vaca dê à luz um bezerro por ano, é essencial a sua mantença, uma vez que os custos de uma vaca que perde o bezerro são muito superiores as que não concebeu. Nenhum produtor citou realizar exames laboratoriais em vacas com histórico de abortos, inclusive permaneciam usando-as na reprodução, sendo esta, uma causa preocupante de zoonoses, como a Brucelose bovina e a Leptospirose, doenças infectocontagiosas como a Campilobacteriose, Tricomoníase, Neosporose, Diarréia viral bovina e Rinotraqueíte infecciosa bovina, todas impossibilitadas de possuir diagnóstico clínico sem a realização de testes complementares. Em 41,7% dos casos descreveram não conhecer quais eram os primeiros cuidados essenciais a sobrevivência do bezerro, como por exemplo, em 66,7 % dos casos não realizavam a cura do umbigo com iodo a 10%, afirmando usar apenas um produto cicatrizante com finalidade antisséptico e antibacteriano, no primeiro dia após nascimento. A assepsia do coto umbilical é fundamental a saúde dos bezerros e evita a passagem de micro-organismos patogênicos na circulação, acarretando o surgimento das onfalopatias e consequentemente, infecções secundárias por dípteros, as miíases, estendendo-se a um quadro de poliartrite, uma doença de difícil tratamento com alto índice de mortalidade. Apesar de 100% responderem que compreendem a importância colostragem, e que a mesma reflete na vitalidade do recém-nascido eles, todavia, declaram desconhecer qual a quantidade ideal a ser ingerida, sendo 5% do seu peso vivo e o tempo da primeira mamada, devendo esta anteceder as três primeiras horas de vida. Os neonatos são agamaglobulêmicos ao nascimento, pelo fato de a placenta dos ruminantes serem do tipo epiteliocorial, impermeável as imunoglobulinas, impossibilitando a transferência de imunidade durante a gestação, portanto dependem de uma boa transferência passiva de anticorpos maternos por meio da ingestão de colostro. Os anticorpos derivados do colostro auxiliam na proteção do bezerro relacionadas as septicemias e pneumonias e esse efeito protetor prolonga-se até os seis meses de idade. A presença de hérnias umbilicais também foi citada em 58,3% das propriedades e representa uma forte conexão com a falta de higiene e ausência do iodo no manejo preventivo. O desmame é a fase final do manejo de cria e o momento de maior estresse e imunossupressão dos filhotes. É a separação materno filial, conceituado como a mudança da dieta líquida para dieta sólida, de modo a estimular o desenvolvimento do rúmen. Em 75% das propriedades apontam concluir essa fase somente quando o bezerro aprende a ingerir alimentos sólidos, sem tempo predeterminado. O uso estratégico da desmama tem como meta principal reduzir as exigências nutricionais das fêmeas, prepará-las para uma nova lactação e garantir um bom crescimento fetal no terço final da gestação. Em determinadas circunstâncias, como períodos de escassez de forragem, essa prática poderá ser antecipada para que a fertilidade da fêmea não seja comprometida. Diante deste cenário, torna-se notório a necessidade de expandir projetos extensionistas que alcancem este público que não possui assistência técnica ou profissional, o pequeno e médio produtor que utiliza dos seus conhecimentos próprios na lida dos animais. A combinação de educação, boas práticas de manejo e cuidados preventivos torna-se fundamental para o sucesso de toda criação e, contudo, ampara a espécie a expressar seu máximo potencial genético, evitando sofrimentos desnecessários nesta fase tão delicada e importante.

 

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Publicado

2024-05-05