A construção da relação terapêutica na Terapia Cognitivo Comportamental
Resumo
O presente trabalho tem como ponto norteador refletir sobre a construção da relação
terapêutica na terapia cognitivo comportamental (TCC). Ser um terapeuta cognitivo
competente requer um conjunto de habilidades interpessoais, emocionais. Isso inclui a
capacidade de se comunicar de maneira clara, ouvir atentamente, identificar crenças
limitantes, ser flexível, ensinar habilidades de enfrentamento, ter paciência e persistência,
além de possuir um conhecimento técnico aprofundado. Considera-se a relação terapêutica de
extrema importância para o processo de psicoterapia, principalmente no sentido de que o
vínculo entre terapeuta e cliente fornece subsídios para o acesso as informações do cliente,
possibilitando maior eficiência no processo, nos feedbacks para o cliente, no prognóstico e no
curso do tratamento. O cliente também é favorecido com a relação terapêutica no sentido de
que poderá desenvolver autoconhecimento e ter comportamentos disfuncionais modificados,
uma vez que são parte dos objetivos terapêuticos. Assim, faz-se necessário que seu estudo
seja difundido e ampliado para potencializar a qualidade da psicoterapia e colaborar com mais
pessoas e profissionais. O presente estudo objetiva detalhar a construção da relação
terapêutica no processo da terapia cognitivo comportamental, destacando sua importância e
contribuindo para melhor compressão do tema. Parte-se de uma revisão narrativa de literatura,
qualitativa e exploratória realizada usando livros publicados sobre a terapia cognitivo
comportamental. A TCC é um modelo de psicoterapia breve, estruturado e direcionado para a
resolução de problemas através da reestruturação de cognições disfuncionais e modificação de
comportamentos desadaptativos (Beck, 2022). Terapeutas cognitivo comportamentais
realizam intervenções para reduzir sofrimento a partir da compressão da interação recíproca
entre crenças, emoções, comportamentos, fisiologia e ambiente. Ela adota uma relação
colaborativa entre terapeuta e cliente, onde ambos exercem papel ativo ao longo do
tratamento. Terapia Cognitivo Comportamental é, de fato, um termo guarda-chuva
abrangendo variadas abordagens derivadas do modelo cognitivo e cognitivo-comportamental desenvolvido por Beck, algo a se destacar é sua ênfase em pesquisas clínicas e evidências, o
que tende a elevar a expectativa de eficácia e efetividade para o tratamento de diversos
transtornos mentais, outra característica é que se trata de uma abordagem específica, clara e
direta. O objetivo principal é identificar padrões de comportamento, pensamento, crenças e
hábitos que, segundo o modelo cognitivo, estão na origem dos problemas e, assim, realizar
intervenções para alterar percepções distorcidas para uma visão mais realista, gerar repertório
de enfrentamento e de solução de problemas. Tal modelo se destina ao tratamento dos
diferentes transtornos psicológicos e emocionais e a relação terapêutica irá ser parte essencial
do processo. A relação terapêutica é uma oportunidade para que o cliente fale sobre
comportamentos que trazem sofrimento e, a partir da interação com o profissional, aprenda
formas mais efetivas de responder. Ela poderá exercer influência positiva, se o terapeuta tiver
participação efetiva no tratamento, já que, tendo desenvolvido uma relação terapêutica
positiva, o cliente sente-se confortável para fornecer as informações necessárias para o
desenrolar do processo, confiando ao profissional suas informações mais sigilosas e difíceis
de falar e lidar. Deste modo, ela pode ser vista como fator determinante do processo, podendo
facilitar o trabalho e a possibilidade de atingir metas, caso estabeleça num clima de confiança
e acordo harmonioso. Para a abordagem cognitivo-comportamental, o estabelecimento da
aliança é fundamental, pois propicia um ambiente de segurança e confiança, condições
necessárias para aprender, implementar e praticar as técnicas trabalhadas em psicoterapia.
Trabalhar diferentes habilidades terapêuticas é necessário ao psicólogo, no qual vai ter uma
melhor relação com os clientes, como acolher, estimular, escutar, compreender, ser empático,
assertividade e expressividade emocional e a habilidade de perceber aspectos de si durante o
atendimento. Uma vez que se compreende a importância da relação terapêutica no contexto da
Psicologia, faz necessário perceber e refletir como esta relação pode ser desenvolvida e
trabalhada no contexto clínico da TCC. Nos tópicos a seguir serão mencionadas quatro
intervenções preponderantes (empirismo colaborativo, formação da equipe, psicoeducação e o
questionamento socrático) para que a relação terapêutica seja fluída entre cliente e terapeuta.
Empirismo colaborativo é uma essência da aliança de trabalho, onde o objetivo é focar nos
problemas com intuito de resolvê-los. As soluções que devem ser tomadas são: planejar e
criar estratégias práticas para a dificuldade do indivíduo. Formação da equipe: A
psicoeducação começou a ser utilizado na década de 80 e tem por objetivo ampliar o
conhecimento do paciente/familiar sobre seu problema, a fim de aumentar a compreensão da
sua condição, auxiliar na tomada de decisões com base em informações confiáveis e
promover maior adesão ao tratamento. E por fim o questionamento socrático, uma das
técnicas de intervenção mais utilizadas na prática clínica da terapia cognitivo-comportamental
é o questionamento ou diálogo socrático. O estilo de questionamento socrático usado na
terapia cognitiva se baseia em uma relação empírica colaborativa com o objetivo de ajudar o
paciente a reconhecer e modificar o pensamento desadaptativo. É muito utilizado por ser um
instrumento que viabiliza ao terapeuta dirigir a atenção do paciente para uma área específica,
de modo que juntos, terapeuta e paciente, possam avaliar as respostas em relação ao tema e
esclarecer ou definir o problema. Também pode auxiliar a identificar pensamentos, imagens e
crenças, possibilitando examinar o significado atribuído pelo paciente aos eventos e avaliar as
consequências de pensamentos ou comportamentos. Todas essas intervenções facilitam a
construção de uma relação terapêutica forte, pois proporcionam um ambiente seguro e
oportunidade para o cliente desenvolver autonomia, autoconhecimento e confiança no
terapeuta, facilitando e potencializando o tratamento. O presente trabalho teve seu objetivo
inicial atingido ao debater sobre como as ferramentas da terapia cognitivo comportamental
podem auxiliar o terapeuta a estabelecer e fortalecer a relação terapêutica com seu cliente.
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