Doença degenerativa da Valva Mitral – Relato de caso

Autores

  • Gabrielly Pacífico Cruz Centro Universitário Vale do Salgado
  • Breno Alves de Oliveira Centro Universitário Vale do Salgado
  • Karen Rhavena Andrade de Holanda Centro Universitário Vale do Salgado
  • Mila Cristina Garcia de Mendonça Centro Universitário Vale do Salgado
  • Tharvino Bezerra Cândido Centro Universitário Vale do Salgado
  • Jôvanna Karine Pinheiro Centro Universitário Vale do Salgado

Resumo

A degeneração da valva mitral (DVM) é uma cardiopatia de curso crônico e progressivo, que
leva à insuficiência cardíaca em cães. Ela é caracterizada pelo espessamento das extremidades
da valva. Embora possa afetar qualquer animal, relata-se uma maior frequência nos machos e
em raças como Poodle Toy, Schnauzer Miniatura, Chihuahua, Pinscher, Fox Terrier, Boston
Terrier, Cocker Spaniel Inglês e Americano, Whippet, Cavalier King Charles Spaniel, Lhasa
Apso, Bichon Frisé e Yorkshire Terrier. Os animais podem ser assintomáticos ou apresentar
sinais clínicos, como tosse seca, geralmente noturna. A congestão pulmonar pode estar
presente após o exercício e durante a noite. A sobrecarga do ventrículo direito pode produzir
sintomas de insuficiência cardíaca direita. Os métodos de diagnóstico incluem exame físico,
análise de bioquímica sérica e exames de imagem, como radiografias, ecocardiograma e
eletrocardiograma. O prognóstico a longo prazo depende da resposta ao tratamento e do
estágio da insuficiência cardíaca. Esse trabalho tem o objetivo de relatar o caso clínico de um
canino, da raça Poodle atendido na Clínica Veterinária Harmony Vet com doença
degenerativa de valva mitral e evidenciar os métodos para que se alcance um diagnóstico
definitivo e a abordagem de um processo terapêutico correto. Um cão da raça Poodle, 14
anos, pesando 9,5 kg foi atendido no Clínica Veterinária Harmony Vet, no dia 30/10/2023. Na
anamnese o tutor relatou que o animal apresentava tosse seca, principalmente no período
noturno, intolerância ao exercício, inapetência, hiporexia e dispneia. Ao exame clínico observou-se paciente alerta, em estação, mucosas levemente hipocoradas, escore corporal 8 e
nível de hidratação normal. Na ausculta cardíaca, foi possível observar um sopro cardíaco. Na
ausculta pulmonar, observou presença de estertores pulmonares moderados. Após, foi
solicitado exame de radiografia torácica e ecocardiograma. A radiografia evidenciou-se um
aumento da silhueta cardíaca, apresentando um remodelamento cardíaco, além de campos
pulmonares com opacificação intersticioalveolar em região perihilar, sugestivo de edema
cardiogênico inicial. No ecocardiograma, foi evidenciado padrão de relaxamento ventricular
restritivo, apresentando onda E>A, relação E/Triv acima da normalidade e válvula mitral
exibindo aspecto irregular, ecogenicidade e espessura aumentada. Foi encontrado presença de
refluxo mitral moderado a importante, sugestivos de doença crônica de válvula mitral com
sinais de repercussão hemodinâmica importante e sinais de congestão. A fim de se avaliar o
estado geral do paciente, também foram solicitados exames complementares de hemograma e
bioquímica sérica. Com base no exame físico e de imagem, iniciou-se o tratamento do
paciente com o uso de Benazepril na dose de 0,5mg/kg BID/VO/30 dias; Ácido
Ursodesoxicólico na dose de 15mg/kg SID/VO/30 dias; Pimobendam na dose de
0,25mg/kg/BID/ até novas recomendações; Espironolactona na dose de 1,4mg/kg BID/VO/
até novas recomendações; Furosemida na dose de 2mg/kg BID/VO/até novas recomendações.
Em adição, foi administrada Nebulização com soro fisiológico BID/5dias. Os achados
clínicos do paciente, intolerância ao exercício, tosse, inapetência, hiporexia e dispneia,
também foram relatados por Jericó, et al., 2015, que afirmaram que as principais queixas dos
tutores dos animais acometidos são intolerância a exercícios físicos, tosse e dispneia ao
esforço. No exame físico, observou na ausculta a presença do sopro. Morais; Pereira, (2001),
afirmaram o sinal mais comum é o sopro, facilmente auscultado no ápice cardíaco esquerdo,
podendo estar associados ou não a ruídos na auscultação pulmonar, que muitas vezes podem
apresentar crepitações difusas, de acordo com o estágio da doença. O exame ecocardiográfico
foi realizado, e os achados foram compatíveis com a degeneração de válvula mitral. Esse é um
método de exame complementar de grande importância no diagnóstico definitivo do paciente,
corroborando com Kienle; Thomas (2005) que relataram que o ecocardiograma é um dos
métodos de diagnóstico mais utilizados na medicina veterinária, sendo não invasivo, não
doloso e muito eficiente. A radiografia realizada demonstrou que o tamanho do coração do
paciente estava aumentado, o que, segundo Alessi; Santos, 2010, é uma resposta do órgão
pelo aumento do volume diastólico devido à regurgitação da valva mitral. A tosse foi o
principal sinal clínico no paciente exposto. Ressalta-se que a tosse de origem cardíaca é
causada devido ao aumento do átrio esquerdo, comum nos casos de DVM, o que leva a
compressão do brônquio principal esquerdo resultando no reflexo tussígeno. O tratamento é
voltado para a redução dos sinais clínicos e tentativa de retardo da progressão da patologia.
Em 2009, foi publicada um estudo de Atkins et al. (2009), no qual indicam-se as diretrizes
terapêuticas para os estágios de DVM. No estágio C, que é o estágio onde se encontra o
paciente deste caso, é recomendado o uso de pimobendan, inibidores ECA, como enalapril,
foi indicado. A espironolactona foi recomendada como adjuvante na terapia crônica de cães
com insuficiência cardíaca em estágio C. Furosemida deve estar relacionada à gravidade dos
sinais clínicos e à resposta à terapia inicial. A doença degenerativa da valva mitral é a doença
crônica mais comum em cães idosos, machos e de pequeno porte, como no caso do Poodle.
Os sinais clínicos são inespecíficos, e a tosse está relacionada à dilatação cardíaca. O curso da
doença em geral é lento e requer monitoramento e ajustes terapêuticos. O prognóstico é
reservado, devido a ocorrência de alterações degenerativas progressivas na valva mitral e na
função miocárdica, bem como o aumento nas dosagens de drogas, que ao longo prazo
dependem da resposta ao tratamento e do estágio da insuficiência cardíaca. Agradecemos a
Liga Acadêmica de Produção e Saúde Animal da Univs, pela contribuição no trabalho.

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Publicado

2024-04-26