Uso de modelo artificial como método substitutivo à venopunção em cães e gatos – um relato de experiência

Autores

  • Fernanda Almino Oliveira Silva Centro Universitário Vale do Salgado
  • Jovanna Karine Pinheiro Centro Universitário Vale do Salgado
  • Rodrigo Cruz Alves Centro Universitário Vale do Salgado
  • Rosivaldo Quirino Bezerra Júnior Centro Universitário Vale do Salgado

Resumo

Na matriz curricular da medicina veterinária, a realização de práticas relacionadas a rotina
clínica é primordial para a formação do discente, porém o uso de animais em aula é
questionável quando na existência de qualquer ação promovida deletéria ao bem-estar animal,
contrapondo o princípio dos “3Rs” (replace, reduce, refine) (RUSSELL; BURCH, 1959). O
discente, na busca do aprendizado prático e baseando-se na “tentativa e erro” (THORNDIKE,
1898) durante a ação metodológica, não pode expor o animal ao sofrimento. O trabalho
consistiu em um relato de experiência cujo objetivo foi a criação de um modelo artificial para
realização de venopunção como método substitutivo à utilização de animais. Para confecção
do modelo, foram utilizados materiais acessíveis encontrados em loja de construção e material
hospitalar, como: curva 180º p/eletroduto PVC roscável ½”; luva eletroduto 1.1/4”; eletroduto
flexível não-metálico conduíte corrugado PVC amarelo 1” 32mm; tapete “peludo” cor
Branco, 0,50X1,00m; equipo macrogotas com injetor lateral, 1,50m; bandagem elástica vital
tape autoaderente; seringa descartável com bico catéter de 60ml; e corante líquido alimentício
comestível (anilina, cor vermelha). A “curva 180º p/ eletroduto e luva”, serviram de base para
fixação do “eletroduto flexível não metálico”, o qual simulou o membro do animal e onde foi
fixada a mangueira (equipo macrogotas) com auxílio de bandagem elástica. O tapete foi
cortado e costurado de forma a “abrigar” o eletroduto flexível e simular a pele com pelos e
subcutâneo do animal. Na execução da técnica de venopunção, diferente da espécie humana,
que atém principalmente a inspeção visual, existe uma forte associação na medicina
veterinária entre a inspeção visual e, sobretudo, a palpação do vaso de interesse. Oliva (2020)
cita que, na via intravenosa, as veias mais utilizadas em cães e gatos são a radia ou a cefálica,
que foi o vaso trabalhado na confecção do modelo, e a safena. Os dois modelos criados
permitiram simular a sensação de coleta de amostra sanguínea em dois tipos de pacientes, com apresentação de maior e menor espaço subcutâneo, “dificultando e facilitando” a coleta,
respectivamente. Apesar de se tratar de um método substitutivo à realidade, o uso dessas
técnicas permite que o aluno treine e adquira experiência, tornando a execução da técnica
menos traumática em um primeiro momento da rotina médica veterinária e, principalmente,
reduzindo a taxa de erro na execução da coleta. Esse pensamento corrobora com Ponczek et
al. (2015), que se propuseram a avaliar a utilidade e o aprendizado proporcionado ao corpo
discente com o uso de modelos artificiais para treinamento de coleta de sangue em cães; e
Ribeiro et al. (2013) cujos modelos possibilitaram a realização de técnicas diversas de punção
venosa. Constatou-se, então, que os modelos artificiais são importantes métodos alternativos,
didáticos e positivos, eticamente, visto que reforçam a prática de não uso de animais durante o
ensino, servindo de base para o aperfeiçoamento da técnica de coleta de sangue, assim como,
outras práticas (p. ex. modelos para cirurgia, punção, técnica cirúrgica etc.) no âmbito
universitário. Outro fator importante é a inexistência de contato com material infectante em
um momento cujo objetivo principal é a aprendizagem e/ou aperfeiçoamento da técnica.

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Publicado

2024-04-26